E essa semana, uma amiga separada a algum tempo estava me contando sobre como é difícil deixar para trás. Deixar algo que ela lutou para construir, deixar sacrifícios que ela fez por alguém, deixar alguém, permitir assistir um amor indo embora pela porta e, no caso dela, bem mais difícil é a situação de deixar um casamento. O que dizer pra família? Pros amigos? Pros colegas de trabalho? O que responder aos fofoqueiros de plantão?
E então, com uma indesejável experiência no assunto eu disse a ela pra deixar tudo ir embora. Os pertences, as lembranças, e com o tempo, o sentimento vai também.
O problema é que a gente fica remoendo tudo o que passou vez em quando, e tudo parece pesado demais pra viver sem. Li em algum lugar, uma vez, que nos apegamos à dor por medo de ter o que deixar no lugar, por medo se sentirmos-nos vazios, talvez até sem experiências pra contar. E com isso não as deixamos ir, e se deixamos, nos amarramos a essa dor e afundamos junto com ela, como se ela fosse uma âncora nos deixando no fundo do mar.
E é isso que essa minha amiga separada precisa fazer, é isso que aquelas outras amigas precisam fazer, é isso que aquele cara precisa fazer e, por mais que seja difícil admitir, é isso que eu, mais uma vez em tão pouco tempo, preciso fazer: todos nós precisamos permitir que o que nos causa a dor vá embora, ´para que assim possamos nos desapegar desta dor.
Mas isso é uma coisa na qual eu estou trabalhando.